A Formação Litúrgica, caminho de unidade

No último 29 de junho, o Papa Francisco publicou uma Carta Apostólica ao povo católico denominada “Desiderio desideravi” (“Desejei muito”). O título é inspirado numa fala de Cristo antes da Última Ceia: “Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa, antes de padecer” (Lc 22,15).


O objetivo da carta é que os católicos compreendam a beleza da celebração litúrgica e o seu papel na evangelização. É desejo de Francisco corrigir erros na forma de compreender e celebrar os sacramentos.


O encontro com Deus não é o resultado do esforço humano e busca interior individualizada, mas é dom vivenciado como verdade que encanta e conduz à adoração. O homem moderno perdeu a capacidade de lidar com a ação simbólica, que é característica essencial do ato litúrgico. A situação se agrava quando formas diferentes e até contraditórias de compreender a Igreja entram em cena e se manifestam na forma de celebrar. Uma compreensão inadequada e superficial do mistério celebrado leva a surpreendente negação da reforma litúrgica conciliar e ao encantamento por um ritualismo vazio e anacrônico. 


A sagrada liturgia não pode ser confundida com modismos e caprichos, nem ideologizada. O Papa escreve: “Tenho advertido repetidas vezes contra uma perigosa tentação para a vida da Igreja que é o ‘mundanismo espiritual’, identificado no gnosticismo e no neo-pelagianismo as duas formas interligadas que o alimentam. A primeira reduz a fé cristã a um subjetivismo que fecha o indivíduo ‘na imanência de sua própria razão ou de seus sentimentos’. A segunda, anula o valor da graça para confiar apenas na própria força, dando origem a ‘um elitismo narcísico e autoritário, onde em vez de evangelizar os outros são analisados ​​e classificados, e em vez de facilitar o acesso à graça, se consome energia no verificar’” (17). 


A liturgia é o antídoto para o veneno do mundanismo espiritual. Ela nos toma pela mão, juntos, em assembleia, para nos conduzir ao mistério que a Palavra e os sinais sacramentais nos revelam. Na Eucaristia e em todos os sacramentos “nos é garantida a possibilidade de encontrar o Senhor Jesus e de fazer chegar até nós a força do seu mistério pascal” (11). Mas isso é feito não como indivíduos, mas como uma comunidade: “A liturgia não diz ‘eu’, mas ‘nós’” (19).


A Eucaristia é onde a comunidade cristã recorda a vida, morte e ressurreição de Jesus, louva e agradece ao Pai, se une ao sacrifício de Cristo e pede que o Espírito nos transforme em corpo de Cristo para que possamos continuar sua missão na terra. 


Papa faz um forte apelo à formação litúrgica em todos os segmentos da Igreja, especialmente nos seminários. E pede que “abandonemos a controvérsia para ouvirmos juntos o que o Espírito diz à Igreja, guardemos a comunhão, continuemos a nos maravilhar com a beleza da Liturgia” (65).


 
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